O Agupamento de escuteiros do CNE nº1122 do Livramento foi formado em 22 de Fevereiro de 1998.
Tem sede na Rua Padre Domingos da Silva Costa nº 18 e actualmente conta com cerca de 46 elementos.
Em conversa com o chefe do agrupamento, Luis Ponces, ficamos a conhecer melhor a realidade deste movimento.
Luis Ponces |
O Agrupamento existe à quanto tempo?
Este agrupamento, que está ligado à igreja, existe desde 1998. Surgiu através de um grupo de pessoas que se mostrou interessada neste movimento. A constituição deste agrupamento foi feita com a colaboração de elementos, que julgo do agrupamento dos Arrifes que acabou por ser o nosso agrupamento piloto, que deram formação e claro ajudaram nos primeiros passos deste movimento aqui no Livramento. Na altura da constituição não estava cá na freguesia, eu entrei mais tarde para o escutismo para ajudar e porque tinha a minha filha neste movimento. Passados 6 meses, subi para chefe de agrupamento, claro que tive que fazer o meu curso para poder ser chefe e depois fiz o meu juramento.
Actualmente como se encontra o agrupamento?
O agrupamento tem cerca de 46 elementos, mas actualmente passamos por mais momentos mais baixos do que altos, isto porque não existem adultos disponíveis a ajudar a desenvolver o movimento e julgo que do modo como a sociedade está constituída acaba por ser difícil encontrar alguém que queira integrar os corpos do agrupamento.
A sede do agrupamento satisfaz as condições de trabalho?
Nós em relação à sede acabamos por não ter as melhores condições, porque não temos o espaço suficiente para poder trabalhar com os 46 elementos em actividades diferentes. Estamos num edifício onde estão outros movimentos, onde temos uma sala para reuniões e pouco mais. Por exemplo se eu pretender fazer actividades com as várias secções terei que fazer em horários diferentes porque não consigo colocar lá cerca de 46 elementos ao mesmo tempo.
Qual a intervenção dos escuteiros na comunidade?
Nós ajudamos a comunidade quando somos solicitados. Recebemos muitos pedidos para peditórios. É claro que não podemos fazer todos os peditórios porque muitas vezes julgam que para pedir qualquer coisa usam sempre os escuteiros e o que acontece é que acabamos por controlar o número de pedidos com as saídas dos miúdos.
Fazemos outro tipo de actividades quando pedidas pela Junta do Núcleo, ou pela freguesia do Livramento, ou que sejam condignas com a condição de um escuteiro. Não podemos aceitar serviços para abusarem ou que ninguém quer fazer, porque acima de tudo os escuteiros têm a sua dignidade.
Os elementos mais velhos e os adultos do agrupamento fazem também parte do auxílio feito pela Protecção Civil.
Na igreja, qual a vossa intervenção?
Nós participamos também na vida religiosa, às vezes dizem que os escuteiros nunca participam, o que acaba por ser uma mentira pois muitas vezes acontece que o escuteiro também é acólito ou pertence a um grupo de jovens. Os escuteiros não deixam de estar presentes, apenas não estão fardados. Por exemplo já aconteceu os escuteiros não estarem presentes numa procissão, mas esta ausência vinha na sequência de uma decisão do conselho pastoral que achou por bem não colocar os escuteiros e distribuir estes elementos em outro movimentos que faziam também parte. Esta é uma situação que muitas vezes as pessoas desconhecem e que acabam por criticar a ausência dos escuteiros injustamente.
Qual o grande objectivo do agrupamento?
O nosso principal objectivo é sempre formar Homens para a vida, homens e mulheres claros. Isto porque neste momento vemos muitos jovens na playstation, computador e televisão e tentamos ensinar e mostrar a eles que se pode viver com recursos diferentes, para alem de dar uma consciência diferente de quais as prioridades numa vida futura.
Sendo um movimento repleto de juventude, conseguem obter a atenção de jovens que estão em caminhos mais desviantes, que têm poucos recursos financeiros ou situação familiar complicada?
Sim conseguimos, aliás muitas vezes contacto com o presidente da junta de freguesia a informar situações de jovens que não têm posses para adquirir o fardamento. Peço um apoio para aquisição do que é necessário. Infelizmente, não consigo gerar receitas s através do agrupamento para poder ultrapassar estas situações.
Sobre outras situações, há pouco tempo fui contactado pela Acção Social no sentido de me enviarem para o agrupamento duas pessoas em que a família estava em separação. Eu entretanto informei a Acção Social de que o agrupamento estava sempre receptivo e que as actividades já estavam a decorrer. Este tipo de situação já me aconteceu algumas vezes e fico feliz pois acabamos por ter um papel importante na educação e ajuda destes jovens.
Depois acaba por acontecer ter a comer na mesma mesa dos escuteiros, sem qualquer problema, o filho do empresário de sucesso ao lado do jovem que tem uma família com graves problemas familiares e financeiros. Este é o sentido da educação que queremos dar a eles, mostrar que os valores da vida não dependem do dinheiro e da posse de objectos. Afinal somos todos iguais e o espírito de amizade e convívio vale muito.
Como vê o futuro do agrupamento?
O futuro passa pela construção da nossa sede. Com a nova sede conseguimos ter melhores condições, ter mais elementos, ter mais chefes e podemos cativar gente que possa auxiliar os que cá estão, de modo a conseguirmos mais dinheiro para realizar as actividades, isto porque o agrupamento não consegue sair daqui por não ter qualquer tipo de financiamento. Por exemplo nós temos um convite da Madeira e outros do Continente para intercâmbios, mas precisaríamos de receitas que infelizmente não conseguimos concretizar.
Pela população como é visto o agrupamento?
Há pessoas que não gosta dos escuteiros e dizem que não fazem falta, porque não sabem o que os escuteiros fazem. E nós para praticar a boa acção não temos que andar a dizer que fizemos isto ou aquilo, nós fazemos a boa acção por gosto. Acredito que o facto de não mostrarmos o que realizamos pode ser o ponto que motiva as opiniões negativas em relação ao agrupamento.
Ainda este ano participamos num encontro a nível regional, as pessoas gostaram de trabalhar com as nossas equipas, com as nossas patrulhas e no fim acabamos por receber vários convites de Aveiro, Braga, Beja, Elvas, Évora, Lisboa, Madeira, de muitos locais mesmo, isso fruto do trabalho dos membros deste agrupamento.
Resumindo o agrupamento tem elementos válidos e faz um trabalho importante e de qualidade.
Por fim, qual a sua opinião sobre a freguesia do Livramento.
Vejo que tem existido uma evolução muito positiva, tem crescido muito, mas temos que ter em atenção que não podemos tornar o Livramento num dormitório. Tem que haver mais gente a aparecer para agir em prol da freguesia. Acredito que exista muita gente sem qualquer ocupação ao fim-de-semana, que podia integrar-se nos movimentos da freguesia, que de certo iriam dar uma maior dinâmica à comunidade.