Junta de Freguesia de Rosto Do Cão Junta de Freguesia de Rosto Do Cão

História

Segundo reza a história, houve uma família inglesa que, sendo perseguida pela Rainha Vitória, fugiu do país e instalou-se, nesta ilha, no lugar do Livramento.
Tão reconhecida ficou a referida família por se encontrar em lugar seguro e livre que, em sinal de agradecimento, mandou construir uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Livramento.
Da invocação da ermida derivaria o nome desta localidade.
A zona vizinha do litoral foi, outrora, um grande areal que aparece sempre todas as vezes que se torna necessário escavar a camada de terra arável que o cobre.

Nos séculos XVII e XVIII, os terrenos entre o aglomerado populacional desta freguesia e o mar estavam cobertos de vinhedos, tendo os seus proprietátios construído neles casas de veraneio com uma adega anexa. Ano após ano os vinhedos acabaram por desaparecer.
Nos últimos cinquenta anos, lançou-se através destes terrenos uma variante da Estrada Regional do Sul, transformando esta zona numa área habitacional priveligiada.

A freguesia de Nossa Senhora do Livramento situa-se numa região do Concelho de Ponta Delgada ainda hoje conhecida por Rosto do Cão.
Este último nome resulta do aspecto de uma península rochosa que, grosseiramente, parece um cão com as patas dianteiras alçadas olhando o mar. Este rochedo é o ultimo resto de uma antiga cratera vulcânica destruida.
Primitivamente o Livramento fazia parte da freguesia de S.Roque, da qual foi separada eclesiastica e administrativamente em 27 de Outubro de 1727.
Quanto à Igreja Paroquial , uns declaram ter sido mandada construir no século XVII pelo padre João ALves de Lordelo, enquanto que outros julgam o templo, no seu frontispício actual, que data de fins do século XVIII, construção de um casal inglês estabelecido em S.Miguel. Este templo foi ampliado e melhorado a meados do século XX, sob a orientação do padre Domingos da Silva Costa.
Outros templls existem, embora alguns arruinados: a Ermida de Jesus Maria e José, na Canada do Bago; Capela de Nossa Senhora da Penha de Frabça, integrada no grande residência do lugar do Botelho, construída por Jacinto Inácio Rodrigues da Silveira, primeiro Barão da Fonte Bela; Ermida Nossa Senhora da Glória, construída em 1673 pelo comerciante francês Jacques de Padron e sua esposa, com uma evocação originada na Itália (La Madonna del Pópolo), da qual surgiu o nome de Pópulo; e Ermida de Nossa Senhora do Carmo, construída pelos Jesuítas que, por ordem régia de D.José, tiveram de sair de S.Miguel em 1760.
É também nesta freguesia que se localizam vários solares de antigo traçado. Na Rua da Igreja, pode admirar-se um solar construído na primeira metade do século XIX, com uma capela onde se invoca Nossa Senhora das Dores.
Destaca-se também o Solar do Botelho que possui uma artística fonte, a qual está na origem do título “Barão da Fonte Bela”, concedido ao proprietário por D. Maria II, um premio pelos serviços prestados ao constitucionalismo monárquico.


Pormenor do Solar do Botelho


Outro notável edificio, que serviu de quartel na Segunda Guerra Mundial, é a casa de Thomas Hickling, no sítio da Glória, de onde se pode observar paredes aprumadas e o nobre desenho influenciado pela arquitectura inglesa de finais do século XVIII.

Merecem ainda especial referência os mirantes, de dimensões e formas diversas. Alguns são simples na construção, outros artísticos, com nichos interiores, escadas rectas ou em caracol, rematados na parte superior com parapeitos de pedra trabalhada.
Os mirantes eram construídos no ponto mais alto da propriedade e serviam, segundo um velho camponês da freguesia,  “para regalo da vista“. Deles se podia admirar grandes extensões de vinhedos e terras de cultivo, salpicadas ali e acolá de vários solares, adormecidos no Inverno e plenos de vida na época de veraneio.


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